sexta-feira, 13 de abril de 2012

A Questão Tcheco


Em algum momento do final do ano de 2009, comecei um texto que parou num primeiro parágrafo e várias notas a serem desenvolvidas. Começava assim:

No dia 5 de setembro deste ano, um sábado, aconteceu algo inédito envolvendo o Grêmio, que fora, durante a semana, muito especulado e repercutido na mídia esportiva gaúcha. O jogador Tcheco, capitão do time há alguns anos (sem contar o primeiro semestre de 2008, quando jogou no exterior), foi pela primeira vez relegado a reserva do time por questões técnicas.”

Agora sinto a motivação necessária para concluí-lo, tento lido este texto sobre o jogador em questão: http://globoesporte.globo.com/platb/rs-torcedor-gremio/2012/04/10/insira-um-titulo/

O que iniciei era uma manifestação que ansiava por articular havia tempo, mas faltava paciência e, em breve, deixaria de ser uma preocupação, com a partida do jogador do grupo do Grêmio.

Este manifesto anti-Tcheco seria uma tentativa de trazer à realidade alguns torcedores mais emocionados (vários da Geração Aflitos) que, infelizmente, não tem noção do tamanho do Grêmio e veneram e mediocridade, desde que se mostre “copera y peleadora”.

Não posso negar algumas qualidades do jogador: teve um bom período de suas longas passagens pelo Grêmio que teve bom aproveitamento de bolas paradas (escanteios e faltas) e... de real destaque individual, só isso mesmo. Outras características, mesmo que positivas, não chegam a merecer destaque, pois não se sobressaem a média geral.

Não nego, também, que em 2006, primeiro ano do atleta no clube, teve excelente desempenho, sendo um dos destaques da boa campanha do Brasileiro que nos levou de volta à Libertadores após 4 anos ausentes.

Até aí tudo bem, mas agora vamos ver do que cada um é feito. Libertadores 2007: quando se esperava que o articulador e capitão do time chamasse a responsabilidade para si na condução do time rumo à uma campanha vitoriosa e mostrasse qualidade, Tcheco foi omisso na maioria das partidas. Mais por mérito de atletas como Carlos Eduardo e Diego Souza, chegamos à final, sim, mas começava a se mostrar a faceta do capitão amarelão, ou, como alguns torcedores insistiram em chamar nos anos seguintes, “capitão do tri” (tri, da Libertadores ou Brasileiro, que nunca veio...).

Brilhar numa final de Gauchão contra o Juventude é capaz de eu também conseguir. Não é aí que se mostra ser capaz de levar um time à conquista de um título importante. É no campeonato difícil, no jogo decisivo. E quando Tcheco teve esses raros momentos em que “aparecia” em algum jogo importante, a maioria era do naipe dos gols de falta contra o Defensor (cobrança tosca com falha do goleiro, Libertadores 2007), ou Palmeiras (sem querer, Brasileiro 2008). É difícil lembrar outros momentos, tão parcos, mas não fujo à verdade: no jogaço contra o São Paulo pela Libertadores 2007, fez um belo gol.

Tcheco não era a única peça defeituosa nesses times que não conseguiram títulos importantes, mas era a peça que (ao menos por mim) há mais tempo estava diagnosticada como disfuncional. Em 2007 chegamos à final da Libertadores com um centroavante mais preocupado em mascar chiclete. Em 2008, na campanha espetacular do Brasileiro, o ataque era, principalmente, formado por Marcel e Perea. Em 2009 tínhamos Fábio Santos. Entre tantos outros jogadores fracos que passaram no clube nos últimos anos, Tcheco era o que mais se perpetuava. Omisso e com o rendimento técnico caindo desde 2007.

Sendo assim, como Tcheco pode ser tão adorado por parte da torcida gremista? Bem, não gosto de generalizar, mas preciso simplificar para me fazer entender: a Geração Aflitos não tem o parâmetro de um Grêmio vencedor para poder cobrar. Se contentam com a mediocridade de jogadores como Tcheco e Sandro Goiano, que demonstram raça mas carecem do fator fundamental para ganhar títulos: qualidade.

No caso do Tcheco, essa carência era compensada com o belo uso do marketing pessoal, através do discurso apaixonado pela e para a torcida. Pela “identificação” com o Grêmio. Pelas bobagens das quais participava, como programas de TV ou brincadeiras entre jogadores (vídeos abaixo). Todos estes, recursos que inebriam o torcedor que não está acostumado a ganhar títulos, aquele que não gosta de exercer o senso crítico. Não tenho problema com o fato de algum jogador ser marqueteiro, desde que seja vitorioso dentro de campo.

Esse vídeo do muro é a síntese perfeita da passagem do Tcheco pelo Grêmio. E sim, parte da torcida delirava com esse tipo de coisa. Isso ajuda a explicar a situação que estamos hoje.

O Tcheco me lembra o Rubinho Barrichello. Se tu, torcedor gremista, adora o Tcheco, tu provavelmente também torce pelo Rubinho, tô certo? Não gostou da comparação? Acha o Rubinho uma piada? Pois essa é a sensação que eu tenho quando veneram o Tcheco. Para conduzir um time a um feito não alcançado é preciso ter estado lá e conhecer o caminho, ou, naturalmente carregar na sua personalidade o desejo irrefreável de vitória. Dois fatores que todos sabem que este jogador nunca demonstrou, ainda que desejem negar.

Enfim, minha memória estava mais fresca na época referida neste texto, mas creio ter abordado as questões pontuais pra deixar claro que o Tcheco não reúne as qualidades para ser considerado ídolo gremista, e não é apenas pela questão dos títulos, apesar de eu ter cansado de ler esta manchete por anos a fio: “Tcheco lamenta a falta de títulos importantes pelo Grêmio”


(Obs.: a cor da braçadeira de capitão não é mera coincidência)


Update - 19/06/2012: Esqueci de mencionar mais uma característica: alguém já viu um capitão mais emocionalmente instável? Lembram de quantas vezes essa característica - que está longe de ser de um LÍDER - do antigo capitão deixou o time na mão? Sem mais.

2 comentários:

Christian Heit disse...

o fato de eu ter postado isso numa sexta-feira 13 não deve ser coincidência

Vine disse...

Fugindo um pouco do tema do texto: eu sempre achei o Fábio Santos um bom lateral. Pode ser talvez pela minha neutralidade com relação a torcer no futebol, mas ele aparecia bem no ataque e, por falta de dados, não o via comprometer na defesa. Tanto que foi só chegar no Corinthians e logo virou titular. E convenhamos, o Grêmio sentiu sua falta quando, após sua saída, TODOS os laterais esquerdos disponíveis eram bem piores que ele.

Voltando ao Tcheco, preciso concordar que tu tens razão nessa questão da vontade de vencer e de tomar a responsabilidade para si em jogos decisivos. Porém, não foi apenas por isso que o Grêmio não ganhou títulos grandes com ele como capitão. Entendo que o teu alvo é o fato de ele ser considerado um ídolo, mas não se pode negar que teve boa contribuição para o time.

Tu citaste "Geração Aflitos". Achei perfeita a nomenclatura. Mostra como a torcida grenal se transformou DEMAIS nessa última década. Assim como essa atual geração de torcedores gremistas não tem o pensamento grandioso dos anos 90, pode-se dizer também que a torcida colorada, forjada à sofrimento e humildade na mesma década, se perdeu completamente quando o Inter ganhou o Mundial em 2006. Hoje é uma torcida completamente diferente...

Acho que acabei explicando o porquê de ter perdido a paixão pelo futebol...